Ser Mãe a Tempo Inteiro - Be a Full Time Mother

Quando estava grávida ser mãe a tempo inteiro era um conceito remoto, não fazia parte do dicionário dos meus dias, nem sequer visualizava essa hipótese...Imaginava que podia trabalhar, que era fácil trabalhar. Que teria que deixar o meu filho algures numa creche, mas é assim a vida. "Eu quero trabalhar e ser realizada com o meu trabalho", nada de mais concreto do que isto. Tinha até a  ilusão que podia aproveitar a licença de maternidade para fazer umas "coisinhas", adiantar uns trabalhos, para me lançar logo nestas rotinas mal acabassem os 5 meses. É claro que nestes planos cabia tudo, cabia todo o amor ao meu filho, estava incluído em todo este imaginário.Tudo cabia neste imaginário.
Quando o tive nos meus braços ainda tinha esta ilusão. Os 5 meses de licença pareciam infinitos, dava tempo que sobra para preparar o meu regresso ao trabalho.
Ao fim dos 5 meses não o consegui largar, aos 6, 7, 8,  queria ficar com ele até ele fazer 1 ano. Aos 12, 13, 14...15...16...eu queria ser mãe a tempo inteiro. Pelo menos por agora, pelo menos até ao pré-escolar. Porque quero ter mais filhos...porque quero ter uma "Casa" como nunca tive...
Será isto muito difícil de entender?
Bem, na verdade é difícil explicar. Veja-se como não consegui sequer largar-me das reticências...
É tão difícil explicar como admitir. Porque qualquer explicação minha para alguém de fora fica automaticamente cortada pelas expressões estranhas dos ouvintes. Por mais que tentem disfarçar, não dá para não entender aquele olhar apreensivo. Como se tivesse subitamente a negar a minha vida ou a maneira certa de levar a vida por não estar a trabalhar. Porque é preciso trabalhar, e porque deixar o filho numa escola faz parte da vida. Porque pareço estar a regredir nas minhas conquistas enquanto trabalhadora e mulher qualificada, para me reduzir a uma dona de casa...
Não dá para não sentir as palavras enrolarem-se-me na garganta antes de conseguir explicar a minha escolha. E por fim só saem justificações parvas como, "é a melhor escolha, estaria a trabalhar para lhe pagar a creche"...
Acabo sempre assim, por justificar-me (porque tenho que me justificar...) pela dimensão económica da coisa....mas é tão mais do que isto.
Será que também me podem entender?
Mães, como foram as vossas escolhas? Como a entendem os outros?


When I was pregnant, be a full-time mom was a remote concept, was not included in my everyday dictionary, not even visualize this scenery ... I thought I could work, it would be easy  to work. That I would need to leave my son somewhere in a nursery, but so is life. "I want to work and be realized with my work," nothing more concrete than this.. I even had the illusion that I could take the first months in home to do some work, to prepare myself to the day work rotine 5 months later. It is clear that these plans fit all love to my son, all this was included in this imaginary scenery.  
When I had him in my arms still had this illusion. The five months license seemed endless, I would have enough time to prepare myself to return to work.
At the end of 5 months I could not leave him, at  6, 7, 8, wanted to stay with him until he makes one year. At 12, 13, 14 ... 15 ... 16 ... I wanted to be full-time mom. At least for now, at least until the pre-school. Because I want to have more children ... because I want to have a "house" like I never had ...
Is it difficult to understand?Well, actually it is difficult to explain.
It's so hard to explain as it is to admit. Because my explanation to friends, family, is automatically cut off by the strange expressions of listeners. How they try to pretend their worried look. As if I had suddenly denied my life or the right way to take life not working. Because i need to work, and because leave my child in a school is part of life. Because I seem to be regressing in my realizations as a worker and qualified woman reducing myself to a housewife ...
In the end I just leave a silly justification like, "is the best choice, I would be to working just to pay the nursery..."
But it is so much more than that.Can you understand me? Mothers, how were your choices? How to make the others understand?